Scat é Doença?

Oi, gente! Tudo certinho?

Lembram do exposed do Fernando Mais? Bom, aquele trágico evento levantou uma onda de hate e fake news que ainda ecoa por aí. Uma das maiores confusões foi sobre o Scat (chuva marrom) ser ou não uma doença. Spoiler: não é doença, ok? Mas como desinformação é igual praga — espalha rápido —, hoje vamos falar um pouco sobre isso de forma mais aberta, informativa e sem julgamentos. Bora?

O que é Scat?

Antes de entrar na polêmica, vamos relembrar o básico. Scat é um fetiche que envolve práticas consensuais relacionadas a fezes. É um dos fetiches mais marginalizados e cercados de preconceito, o que muitas vezes dificulta que as pessoas falem ou busquem informações. Já temos um post sobre o Scat aqui no blog. Dá um pulo lá: Entendendo o fetiche scat

 
Por que as pessoas associam Scat a “doença”?
 

Bom, tudo começa com o tabu em torno de fezes. Desde cedo, somos ensinados que “cocô é sujo”, “não encosta nisso” e “eca!” Isso molda nossa percepção sobre o que é normal ou aceitável, especialmente no âmbito sexual.

Junta isso com falta de educação sexual e voilá: qualquer coisa fora do padrão vira errado ou doentio. Mas a grande verdade é que a nossa história não nos ajudou em nada com isso e hoje sofremos os reflexos desses erros.

Na Era Vitoriana, por exemplo, o corpo humano era um objeto de repressão moral e cultural. Essas ideias reforçaram uma mentalidade moralista que, infelizmente, ainda influencia nossa sociedade. Podem perceber que até hoje, práticas que fogem da norma heterossexual e reprodutiva são tachadas de erradas ou até doentias.

O Scat e tantos outros fetiches Pig, por misturar sexualidade e algo culturalmente visto como “errado”, desafia diretamente essas normas. E não é surpresa nenhuma que, em uma sociedade obcecada pela ideia de que sexo precisa ser limpo e bonito, práticas como essas sejam alvo de preconceito.

O pior é que a ciência também não ajudou muito. Quando a psicologia começou a estudar a sexualidade, comportamentos fora do “padrão” eram frequentemente classificados como patologias. 

 
Um ano após ser exposto por fetiche de cocô, ator prepara 'enterro' de Gustavo Scat · Notícias da TV
 

Mas se a nossa história como sociedade trouxe um peso enorme para o Scat, a mídia e a internet ajudaram a jogar ainda mais lenha na fogueira. O fetiche é constantemente retratado de forma sensacionalista e  isso cria uma imagem estereotipada que alimenta o preconceito. 
 
Hoje, práticas fetichistas que fogem do mainstream são alvos fáceis de hate e fake news. E, sem acesso a informações corretas, essas ideias distorcidas continuam a se espalhar. O recente exposed do Fernando Mais é um ótimo exemplo: o escândalo veio acompanhado de uma avalanche de desinformação e hate, piorando ainda mais o estigma em torno do Scat.

 

Ou seja, a visão do Scat ser uma doença é resultado de séculos de tabu, moralismo e desinformação. E essa visão prejudica quem pratica o fetiche, gerando vergonha, isolamento e medo de se abrir sobre suas preferências. 

 
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O que a psicologia diz sobre isso?
 

Agora voltando ao presente, quando olhamos para o que a ciência realmente diz, a história é bem diferente. De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), fetiches são apenas expressões da sexualidade humana — e isso é normal. Um fetiche só é considerado um problema ou transtorno (o chamado Parafilia) quando causa:

  1. Causam sofrimento significativo para a pessoa.
  2. Prejuízo funcional na vida social, profissional ou em relacionamentos da pessoa.

Ou seja: o fetiche em si não é a doença. O problema só aparece se ele prejudicar a qualidade de vida da pessoa ou for praticado sem consentimento.

 

O que a ciência diz hoje?

A ciência também evoluiu bastante no entendimento da sexualidade. A visão antiquada de que qualquer comportamento sexual fora do padrão heteronormativo era visto como patológico  começou a mudar nas últimas décadas, à medida que os manuais diagnósticos passaram a diferenciar o que é uma expressão natural da sexualidade do que realmente pode ser considerado um problema clínico.
Atualmente, a orientação dos profissionais de saúde é clara: fetiches, como o Scat, não são doenças desde que praticados de forma consensual, segura e com respeito aos limites de cada um  – UHUUUUU!!! 

 

Fetiche, não transtorno

Ou seja, quando a prática é consensual, segura e acontece entre pessoas que estão confortáveis com ela, não há absolutamente nada que a classifique como transtorno. É simplesmente uma preferência sexual que pode parecer incomum, mas isso não faz dela ser algo errado ou doente.
Comparando: é como alguém que tem fetiche por pés. Pra quem não entende, pode parecer estranho, mas isso não significa que a pessoa está doente, certo? É a mesma lógica.

 Fetish Friday: Scat Play — Between Our Thighs

 

Conclusão

A real é que o preconceito e as fake news causam muito estrago. Eles isolam, marginalizam e enchem de vergonha quem só quer viver sua sexualidade de forma livre e consensual. Por isso, educar e desmistificar esses tabus é tão importante.

Scat não é doença. Mas o preconceito é! Ao explorar essa história, fica claro que o problema não está no Scat, mas na forma como a sociedade enxerga e julga o que não entende.

  

E aí, o que você achou?

Deixe sua opinião nos comentários e sugira temas para explorarmos juntos. 

Fontes
  • DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição)
  • Three Essays on the Theory of Sexuality (1905)
  • Thinking Sex: Notes for a Radical Theory of the Politics of Sexuality (1984).
  • A História da Sexualidade (Volume 1: A Vontade de Saber).
  • American Psychological Association (APA)
  • Stigma and Sexuality: The Impact of Cultural Norms on Fetish Practices
  • Risk and Safety in Paraphilic Practices: A Review

1 Comment

  • Joana , 23 de dezembro de 2024

    Muito bom!
    Procurei muito um conteúdo que falasse sobre isso, que não fosse de uma forma preconceituosa e nem rasa. Espero que tenha mais conteúdos assim

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