Aceitar seus fetiches é um ato de amor próprio

Você já ficou com vergonha de um desejo sexual que teve? Já hesitou em contar pro @ por medo de parecer “demais”, “doente” ? Pois é. Isso não é só coisa da sua cabeça, é o resultado de uma sociedade que ainda insiste em dizer que prazer tem limite.

Mas calma: nesse post, a gente vai entender essa tal “vergonha do fetiche” e mostrar por que esse sentimento precisa ir embora . 

A vergonha nem sempre é sua. Às vezes, é um download social

Desde pequenos, ouvimos o que é “certo” ou “errado” no sexo. E quase sempre, esse “certo” é hétero, monogâmico, missionário e silencioso. Qualquer coisa fora disso vira “perversão”, “tarado”, “coisa de gente doente”.

Como explica a Dra. Frankie Bashan:

“As fontes de vergonha advêm de normas sociais, culturais e religiosas às quais somos submetidos desde muito cedo. É uma corrente oculta de exposição que, com o tempo, constrói crenças limitantes das quais podemos nem ter consciência.”

Em outras palavras: se você sente vergonha, talvez seja porque te ensinaram a sentir.

Exemplo real: Um dos pacientes da Dr. Frankie, um homem cis, travava toda vez que pensava em sexo anal. Tinha vontade, mas não conseguia nem falar sobre. A vergonha era tanta que ele nem sabia de onde vinha, só sentia.

O primeiro passo? Nomear a vergonha

Antes de desconstruir qualquer tabu, a gente precisa olhar pra ele de frente. E isso começa com uma pergunta bem simples (e poderosa):  Por que eu tenho vergonha disso?

A proposta aqui não é se julgar, e sim investigar. A terapeuta sugere que a gente escreva, reflita, volte pra infância e identifique os momentos em que ouvimos que “isso não pode”.

Esse tipo de reflexão pode ser feito em casa, com diário, meditação ou terapia. Mas o ideal mesmo é contar com uma rede de apoio e, se possível, com um profissional que entenda do assunto.

 

 

Você não é o único. E nunca esteve sozinho.

A boa notícia? Taras e fetiches são muito mais comuns do que parece. Mas a galera não fala sobre isso porque… adivinha? Vergonha.

A Dr. Frankie reforça:

“Lembre-se de que você não é a única pessoa neste mundo com preferências sexuais não tradicionais. Passar um tempinho procurando pessoas com ideias semelhantes vai te beneficiar imensamente.”

Dica: participe de fóruns, grupos no Reddit, comunidades de fetiche e leia livros e podcasts sobre sexualidade. Se cercar de vozes afirmativas muda tudo.

O poder da comunicação com quem transa com você

Quer sair da vergonha? Fale. Principalmente com quem divide a cama contigo. Sim, dá frio na barriga. Mas abrir esse tipo de conversa pode fortalecer (muito!) a intimidade. A dica aqui é: não confesse, compartilhe.

  • Em vez de dizer: “Eu tenho um fetiche meio estranho que preciso te contar…”
  • Tente: Tem algo que eu tenho vontade de explorar e queria dividir contigo.”

Isso muda o tom da conversa, tira o peso do segredo e cria espaço pra curiosidade, não julgamento. Afinal, se a pessoa te ama, ela vai querer te ouvir.

E se você for rejeitado?

Essa é uma dor real. Nem todo mundo vai topar participar de um fetiche. Mas isso não significa que seu desejo seja inválido.

Sim, algumas pessoas podem reagir com estranhamento. Mas isso diz mais sobre a bagagem delas do que sobre quem você é.

A boa notícia? Existe gente que entende. Que gosta. Que quer. Você só precisa de conexão com as pessoas certas, não de aprovação de todo mundo.

Sexo é uma linguagem. E você tem direito ao seu sotaque

Viver a própria sexualidade de forma plena é um direito. E fetiches, incluindo os Pig, são formas legítimas de prazer, expressão e conexão. Desde que sejam consensuais, seguros e prazerosos pra todos envolvidos, tá tudo certo.

Não existe fetiche “errado”. Existe desinformação, vergonha imposta e medo de não ser aceito. Mas tudo isso dá pra mudar. Com comunidade, com conversa, com coragem, e com acolhimento.

 

Práticas para abraçar quem você é (e o que te excita)

A vergonha não se resolve em um estalo. Ela se dissolve aos poucos, e aqui vão algumas sugestões da Dr. Frankie pra te ajudar nesse caminho:

  1. Diário sem censura: Escreva sobre seus desejos, sem filtro. Se perceber um julgamento interno surgindo (“isso é errado”), questione de onde vem isso.

  1. E se fosse com outra pessoa? Imagine alguém que você ama te contando o mesmo fetiche. Como você reagiria? Essa inversão costuma gerar empatia e acolhimento com a própria experiência.

  1. Afirmações diárias: Parece coach? Parece. Mas funciona. Frases como: “Sou digno de amor exatamente como sou” e “Meus desejos são naturais”  te ajudam a reprogramar seu olhar sobre si mesmo.

 

Quando a terapia sexual entra em cena

Explorar o que você gosta na cama não é só gostoso. É terapia. É autoestima. É pertencimento.

A Dr. Frankie resume bem:

“Você pode ser você mesmo, livre de julgamentos e críticas, é aí que realmente prosperamos.”

Quando a gente se permite sentir sem culpa, cria um terreno fértil pra relações mais profundas, tanto com os outros quanto com a gente mesmo.

Mas se a vergonha ou culpa tá muito presente, talvez seja hora de buscar apoio especializado. A terapia sexual é um espaço seguro pra falar de desejos, desmontar crenças limitantes e (re)construir a própria narrativa sexual.

E não, você não precisa ter “problemas” pra fazer terapia. Você só precisa ter vontade de se entender melhor.

E pra finalizar, você pode ser uma pessoa incrível, ética, amável e ainda assim ter fetiches (como scat por exemplo). Isso não é contradição. Isso é humanidade. E o mundo precisa de mais gente vivendo a própria verdade, sem vergonha.

Bora conversar?

Você já se sentiu sozinho(a) por causa de um fetiche? Qual foi a maior barreira que você enfrentou até hoje? Me conta nos comentários

Fonte: Este artigo foi adaptado de um texto publicado originalmente no blog Between Our Thighs.

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